Ontem, depois de terminar um trabalho em Lisboa, dei comigo numa paragem de autocarros da capital, onde fui confrontada com uma cena que para muitos dos presentes pareceu deveras demente. Para mim, por mais que parecessem fora do contexto, as palavras que ouvi têm algum fundo de senso!!!
No meio da confusão, gerada pela chuva, pelo vento e pela falta de espaço para nos podermos todos abrigar debaixo de uma paragem, uma senhora que vinha a passar desata a bradar para quem quisesse ouvir, que "o mundo estava todo virado do avesso". Embora, tenha surgido um pouco do nada, o discurso desta senhora era motivado pela distribuição de panfletos para o referendo sobre o aborto, a realizar no dia 11 de Fevereiro. Entre várias frases que me pareciam desconexas, a senhora enfatizava o facto dos Homens estarem a alterar a ordem natural das coisas, de quererem mudar a lei da vida e de viverem sem sentido! Na minha opinião, a motivação para esta revolta foi desencadeada pelo facto deste referendo por em causa o direito à vida, o direito de optar, o direito de alterar algo que a Mãe Natureza concebeu...
Não quero deixar de referir que a minha opinião sobre o assunto ainda não está completamente definida! Acredito que a pergunta formulada é bastante ambígua e que coloca em causa várias questões de índole bastante diferente, como a concordância ou não com o acto abortivo, a penalização judicial dos envolvidos com a sua realização e o direito de optar. Democracia ou não? Não sei até que ponto a democracia deve permitir a anulação de um ser... Mas, nem a classe médica é unânime quanto ao período em que se deve considerar a existência de uma vida...
Mas, voltando ao assunto que me trouxe até aqui, a tal senhora fazia questão de gritar aos quatro ventos sobre a aproximação do "fim do mundo", algo que eventualmente chegaria com as imensas alterações provocadas pelo Homem na lei natural da vida, no mais ínfimo da natureza e do Ser Humano! Segundo o que dizia, enquanto andava de um lado para o outro, visivelmente atormentada psicologicamente, o Homem vai acabar por se auto-destruir. E aí, a ajuda divina em nada nos poderia ser útil. Verdade ou não, as declarações dela fizeram-me pensar se o que fazemos vai de encontro do que queremos que seja o futuro da Humanidade... Existe verdadeiramente muita coisa para alterar, sob o compromisso de não podermos oferecer às futuras gerações um amanhã onde as condições de existência sejam as que queremos hoje para nós! Será por isso que os deuses choram???
