quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ANGEL by Barbara Neill-Bottle

*

"He sure was a very strange angel
The strangest that I'd ever seen
He seemed to know so much about me
How I felt, who I was, where I'd been
He didn't have blond curly hair
Or blue eyes, or shiny gold wings
Or a halo that shone in the moonlight
And all those celestial things
He knew how to bet on the horses
And they'd always romp home by a length
Whenever I found myself failing
I knew I could count on his strength
I miss his dry wit and his whistling
And the smell of his old woollen socks
I look at his picture through tear-swollen eyes
Standing next to his half-mended clocks
Roses were always his favourites
So I place a small spray with this poem
And I plead with the good Lord who took him
"Please won't you let me come home?"

*

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sátira aos HOMENS quando estão com gripe

*:)


"Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos.
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer."


ANTÓNIO LOBO ANTUNES
*:)